As taxas de juros negativas são um conceito financeiro que pode parecer estranho à primeira vista. Afinal, conforme comenta o investidor Otávio Oscar Fakhoury, estamos acostumados a pagar juros ao contrair um empréstimo, mas com juros negativos, é o credor que paga ao devedor. Essa situação geralmente ocorre em períodos de baixa inflação ou até mesmo deflação, quando os bancos centrais, na tentativa de estimular a economia, estabelecem juros abaixo de zero para incentivar o gasto e o investimento.
Desse modo, em vez de ganhar ao emprestar, os bancos e investidores aceitam uma perda sobre o montante emprestado, com a esperança de que a atividade econômica aumente e compense as perdas a longo prazo. Nos próximos parágrafos, vamos entender melhor como essas taxas de juros funcionam e os seus efeitos no cenário econômico global.
Como as taxas de juros negativas funcionam e por que são aplicadas?
Quando uma taxa de juros é negativa, o banco central cobra dos bancos comerciais por manterem seus depósitos excedentes em vez de emprestá-los. A ideia é que, ao desencorajar o acúmulo de capital, os bancos comerciais terão mais incentivo para oferecer empréstimos, facilitando o crédito para consumidores e empresas.
Assim sendo, aumenta-se o fluxo de dinheiro na economia, impulsionando o consumo e o investimento, o que pode ajudar a elevar a inflação em cenários de deflação ou de crescimento econômico muito baixo. Mas, apesar de sua lógica, a aplicação das taxas de juros negativas levanta algumas preocupações, como ressalta o empresário Otávio Oscar Fakhoury.
Pois, bancos comerciais, ao serem penalizados por manter dinheiro parado, podem reduzir ainda mais a rentabilidade de depósitos e poupança, o que, em certos casos, afeta negativamente os pequenos investidores e poupadores. Essa medida incomum é, portanto, uma tentativa arriscada dos bancos centrais de estimular o crescimento econômico, mas nem sempre traz os resultados esperados e pode gerar consequências adversas, como a diminuição da confiança do consumidor.
Qual é o impacto das taxas de juros negativas no consumidor?
Para os consumidores, as taxas de juros negativas podem resultar em uma perda de incentivos para poupar, pois, em alguns casos, isso significa que eles recebem um rendimento muito baixo ou até pagam taxas para manter seu dinheiro em contas bancárias. De acordo com Otávio Oscar Fakhoury, esse efeito pode levar as pessoas a gastarem mais, ou a buscarem investimentos de maior risco em busca de rendimentos mais altos. No entanto, nem todos estão dispostos a arriscar em mercados de ações ou outros investimentos voláteis, o que pode gerar uma sensação de insegurança financeira.
Os efeitos das taxas de juros negativas na economia global
No cenário global, as taxas de juros negativas têm efeitos complexos. Elas impactam o valor das moedas nacionais e podem levar a uma desvalorização cambial, o que, por sua vez, afeta as exportações e importações dos países que adotam essa política. Segundo o ex-executivo de grandes bancos internacionais, Otávio Oscar Fakhoury, quando uma moeda se desvaloriza, as exportações tendem a se tornar mais competitivas, beneficiando certos setores da economia.
Entretanto, produtos importados ficam mais caros, o que pode ser um problema para países que dependem de bens importados, especialmente em setores como tecnologia e indústria. Ademais, as taxas de juros negativas afetam o mercado de dívidas e os fluxos de investimento entre países. Já que alguns investidores podem buscar alternativas em mercados com rendimentos mais altos, movimentando capital para fora dos países com juros negativos, o que pode desestabilizar economias menores e interligadas globalmente.
Uma alternativa que depende de um contexto favorável
Em resumo, conclui-se que as taxas de juros negativas são uma ferramenta econômica não convencional que visa estimular economias em períodos de crise ou crescimento muito lento. Embora possam proporcionar vantagens temporárias, como um maior incentivo ao consumo e ao investimento, elas trazem riscos para os poupadores e para a estabilidade econômica a longo prazo.
Portanto, com o uso dessa estratégia, os efeitos precisam ser monitorados de perto, pois, enquanto alguns setores podem se beneficiar, outros podem enfrentar grandes dificuldades que impactam toda a economia.